O autor residente do Bierzo difunde un poema en protesta pola clausura da factoría da multinacional no Porriño.
Son moitas xa as protestas contra a intención da dirección internacional de Astrazeneca de pechar a súa factoría de O Porriño e deixar a todos os traballadores na rúa. No blog dos afectados denúnciase que "a compañia quere desviar a fabricación dos seus productos a paises con man de obra máis barata, e no entanto pretende seguir vendendo eiqui os seus produtos". Tamén denuncia Igor Lugrís. O poeta explica no seu blog, Ovnis e Isoglossas, que "o noso deber é a solidariedade con todas as traballadoras, con todos os traballadores. Como poetas, como escritores/as, como traballadores/as tamén que somos". Eis o poema Parábola (Astrazeneca nom se pecha).
Entro na minha entidade bancária
Falo com a pessoa que está na caixa
Amavelmente
pergunto-lhe se é certo
isso que di a sua publicidade
"somos o teu banco"
Essa pessoa sorrí
e di-me que sim
que por suposto
que eles estám para me ajudar
para procurar soluçons aos meus problemas
e para fazer que a minha vida blablabla
Escuito
Deixo-lhe falar
Ao rematar
digo-lhe
correctamente
que estou muito contento com os seus serviços
que nom tenho nengumha queixa
e que agradezo os presentes com os que
algumhas poucas vezes
me agasalham
a saber bolígrafos
linternas
guardachuvas
ou calendários
Que livremente aceitei as suas regras
as suas condiçons
as suas formas e os seus métodos
Mas que tem que compreender
ela tem que compreender
que num sistema de livre
libérrimo
mercado
eu devo
proteger os meus interesses
defender o meu dinheiro
asegurar o meu futuro
e que é por isso
e só por isso
que quero retirar todo o dinheiro
Todo
insisto
com voz solene
E Todo
acrescento
significa Todo o dinheiro
que nesse momento há na entidade bancária
na minha entidade bancária
porque tenho que depositá-lo noutra entidade
num paraiso fiscal
que me oferece condiçons muito mais competitivas
flexíveis
e económicas
Mira-me surprendido e
ou
incrédulo
e suspeito que vai chamar ao guarda de seguridade
privada
que está na porta
Nom o faga
digo-lhe
É-lhe melhor nom fazê-lo
Explico-lhe que o ruido
o balbordo
a polémica
nom nos ajudarám a nengum dos dous
e som contrários aos nossos intereses
Tenho potentes argumentos
insisto
e mostro-lhe duas 9 mm.
Asusta-se
Explico-lhe novamente os meus motivos
e fago todo o possível porque entenda que é inevitável
que a decissom está tomada
que nom fai sentido ir contra a corrente dos feitos
e que obstinar-se no contrário
nom servirá para nada
que a mim também me custou aceitar essa realidade
mas que há causas
motivos
directrizes
que estám por riba de nós
e que nós nom podemos controlar
De todas as formas
argumento
se tenho que empregar métodos expeditivos
a responsabilidade será toda sua
Eu nom asumirei os custos que vostede queira acrescentar
remato
e aponto com a PT-99