As Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), em coordenação com o comando das forças australianas, estabeleceram, esta sexta-feira, um perímetro de segurança na capital timorense, cujo patrulhamento está a ser assegurado por militares da Austrália.
De acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, o perímetro de segurança envolve as sedes dos quatro órgãos de soberania, incluindo as residências dos seus titulares, as instalações da central eléctrica, das telecomunicações, da água, do Hospital Nacional Guido Valadares e do aeroporto, entre outros.
"A decisão política sobre o perímetro de segurança foi tomada pelo Governo, em coordenação com o Presidente da República", Xanana Gusmão, lê-se na nota enviada ao Jornal Digital.
De acordo com o mesmo documento, "a inclusão das instalações dos órgãos de soberania no perímetro de segurança foi decidida não por se tratarem de eventuais alvos, mas por ser essencial à preservação da estrutura e funcionamento do Estado".
A disposição das forças pela capital timorense segue-se à assinatura entre Timor-Leste e as autoridades australianas do acordo relativo aos termos da sua actuação. Os neozelandeses também já acordaram com o Governo de Díli a forma e o modo da sua intervenção.
Entretanto, segundo o gabinete de Mari Alkatiri, o destacamento avançado dos polícias da Malásia está desde as 08h00 em Timor-Leste. "Trata-se de um grupo de 25 elementos, especializado em luta anti-subversiva", é referido.
Uma equipa de três oficiais da Guarda Nacional Republicana (GNR) é esperada em Díli, no próximo domingo, para fazer uma avaliação das necessidades, entre eles o comandante da companhia, composta por 120 elementos.
Autor de disparos está detido
A nota difundida hoje faz referência aos confrontos de quinta-feira no centro de Díli, perto dos quartéis da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e da Polícia Militar.
"O comandante das F-FDTL, brigadeiro general Taur Matan Ruak, garante que o militar que alegadamente disparou sobre vários polícias, que tinham entretanto deposto as suas armas, após mediação de observadores militares das Nações Unidas, foi imediatamente desarmado, está detido e será a seu tempo julgado", é garantido.
De acordo com a mesma fonte, "prosseguem investigações no seio das F-FDTL para apurar se haverá outros militares envolvidos".
O comunicado assegura ainda que "o Governo mantém a totalidade dos seus poderes ao nível da segurança interna". Segundo o gabinete de Alkatiri, "depois de o Presidente da República ter declarado numa comunicação que havia assumido aqueles poderes, o primeiro-ministro contactou o Presidente da República e foi informado de que o entendimento do Presidente da República é que nas questões de segurança tem de haver coordenação entre os dois órgãos de soberania. O primeiro-ministro respondeu que assim tem sido até agora e vai continuar a ser".
É acrescentado que "a coordenação entre os dois órgãos de soberania tem sido total e exemplo disso foi a decisão de o Estado, enquanto tal, ter requerido o auxílio das forças internacionais para resolver esta crise".
"Embora a proposta da decisão pertença ao primeiro-ministro, o Presidente da República e o presidente do Parlamento Nacional concordaram com a ideia, tendo as cartas dirigidas aos chefes de governo da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal sido assinadas pelos três", é ainda recordado.